Introdução
As atividades rítmicas e a dança são conteúdos da Educação Física
escolar, uma vez que integram a cultura corporal de movimento. Assim, essas
práticas corporais possuem o mesmo grau de importância dos demais conteúdos
dessa disciplina.
No entanto, o que presenciamos geralmente, é que tais conteúdos são raramente
desenvolvidos no ambiente escolar e, quando são a ênfase consiste apenas nas
vivências de forma descompromissada.
Silva et al (2008, p. 37) apontam uma das possíveis razões para essa
realidade: “existe hoje uma grande carência do trabalho com o ritmo, por
exemplo, nas escolas, talvez por que a maioria dos professores desconheça o
sentido dessa palavra e as possibilidades de trabalho que podem ser
desenvolvidas através dela.” Marques (2007, p. 22), realça as análises dos
autores afirmando que: “na grande maioria dos casos, professores não sabem
exatamente o que, como ou até mesmo porque ensinar dança na escola.”
É nesse sentido, que acreditamos ser relevante destacar a importância das
atividades rítmicas e da dança, bem como, algumas possibilidades para a sua
inserção no contexto escolar. Conforme, ressalta Impolcetto et al (2007, p.
92):
Nas aulas de Educação Física escolar, a dança pode contribuir para a construção de uma relação de cooperação e respeito, desempenhando um importante papel, pois proporciona aos alunos a aquisição de elementos para que estes possam estabelecer relações corporais críticas e construtivas com diferentes maneiras de ver e sentir o corpo em movimento, relacionando-o com sua realidade, assim como compreende-lo em diferentes épocas e culturas.
Contendo inúmeras possibilidades de ensino, a presença dessas práticas
corporais, se torna essencial para uma educação integral dos alunos. Isto
porque, por meio das atividades rítmicas e da dança, o aluno terá a
oportunidade de conhecer e vivenciar as diversas manifestações culturais,
nelas contidas. Segundo Verderi (2000, p. 33): “a verdadeira educação deve
formar o homem para a vida, devemos a nossos alunos formação de valores, de
metas.”
Por esta razão, enfatizamos a relevância das atividades rítmicas e da dança
na escola, sobretudo, no primeiro ciclo do Ensino Fundamental, uma vez que nessa
faixa etária, é possível trabalhar as habilidades básicas dos alunos,
aperfeiçoando-as e, principalmente, permitindo, aos mesmos que desenvolvam sua
criatividade. Ou seja: “a dança na escola, associada à Educação Física,
deverá ter um papel fundamental enquanto atividade pedagógica e despertar no
alunado uma relação concreta sujeito-mundo” (VERDERI, 2000, p. 58).
Portanto, o objetivo desse trabalho é destacar a relevância das atividades
rítmicas e dança na escola, apresentando uma proposta de
sistematização/organização desses conteúdos para o primeiro ciclo do Ensino
Fundamental.
Revisão
da Literatura
O que
é atividade rítmica e dança?
Para compreendermos melhor a especificidade de tais conteúdos, se torna
relevante, conhecermos primeiramente, o conceito de ritmo e rítmica. Vale
destacar que, vários autores atribuem diferentes significados à palavra ritmo,
dos quais destacaremos alguns.
Nesse sentido, investigando o conceito da palavra ritmo, verificamos que, de
acordo com Camargo (1994, p. 23): “a palavra ritmo - em grego rhythmos-
significa ‘aquilo que se move, aquilo que flui’, o que nos leva a concluir
que todo movimento é ritmo em potencial.” Ou seja: “o ritmo e o movimento
se desenvolvem simultaneamente no tempo e no espaço. Desta forma, confirmamos
nossa consideração que o RITMO é MOVIMENTO, que o MOVIMENTO é RITMO [...]”
(TIBEAU, 2006, p. 55, grifo do autor).
Isto deixa claro que, o ritmo é algo inerente à vida humana. Para Tibeau
(2006, p. 56):
Todo o ser humano é dotado de ritmo, que se manifesta antes mesmo do nascimento, através dos batimentos cardíacos, depois pela respiração e pela fala e que está presente também nas formas básicas de locomoção. Por isso, o ritmo é considerado o elemento da música que está mais associado ao movimento, às ações motrícias do Homem.
É por esta razão que, o ritmo atua nos aspectos cognitivos, afetivos e sociais
do ser humano (CAMARGO, 1994).
Conforme observamos, há inúmeras definições para a palavra ritmo, de forma
que concluímos, com as análises feitas por Verderi (2000, p.53), na qual
define o ritmo da seguinte maneira:
O ritmo faz parte de tudo o que existe no universo, é um impulso, o estímulo que caracteriza a vida. Ele se faz presente na natureza, na vida humana, animal e vegetal, nas funções orgânicas do homem, em suas manifestações corporais, na expressão interior exteriorizada pelo gesto, no movimento, qualquer que seja ele.
Já em relação à rítmica, esta foi desenvolvida pelo compositor e pedagogo
suíço Emile Jacques Dalcroze (1865-1950), segundo Tibeau (2006). De acordo com
Camargo (1994, p. 77): “[...] a ‘Rítmica’ é um método de educação
global, baseado no ritmo musical, vivido de forma corpóreo-sensorial pelo
indivíduo”.
O método foi desenvolvido, uma vez que Dalcroze notou vários problemas de
educação musical, apresentado pelos seus alunos musicistas, como também por
músicos profissionais, de forma que buscou meios capazes de amenizar tal
situação (CAMARGO, 1994). Ainda, segundo a autora: “Dalcroze organizou o seu
método, visando à integração das faculdades físicas e mentais do ser
humano, potencializando-as no tempo e no espaço, através da música”
(CAMARGO, 1994, p. 77).
Nisso, o método de Dalcroze, segundo Bourcier (1987, p. 291-292), se refere à:
[...], uma educação psicomotora com base na repetição de ritmos, criadora de reflexos, na progressão da complexidade e da sobreposição de ritmos, na decifração corporal, na sucessão do movimento: a música suscita no cérebro uma imagem que, por sua vez, impulsiona o movimento, que se torna expressivo caso a música tenha sido captada corretamente. As conseqüências pedagógicas são o desenvolvimento do sentido musical em todo o ser- sensibilidade, inteligência, corpo-, que fornece uma ordem interior que, por sua vez, comanda o equilíbrio psíquico.
Com isso, nota-se que a rítmica é uma forma de expressão corporal, por meio
da música. Assim, as atividades rítmicas podem ser definidas, segundo os
Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p. 71) como:
[...] as manifestações da cultural corporal que têm como característica comum a intenção explícita de expressão e comunicação por meio dos gestos na presença de ritmos, sons e da música na construção da expressão corporal. Trata-se especificamente das danças, mímicas e brincadeiras cantadas. Nessas atividades rítmicas e expressivas encontram-se mais subsídios para enriquecer o processo de informação e formação dos códigos corporais de comunicação dos indivíduos e do grupo.
Ou seja, são atividades que visam trabalhar a expressão corporal, tendo como
base, a música, bem como, a dança, que também é uma forma de comunicação.
Seguindo nessa perspectiva, no que se refere à dança, Gaspari (2005), destaca
que, a dança é uma forma de comunicação, considerada a mais antiga, visto
que, desde os tempos primitivos, os homens já a utilizava para expressar seus
sentimentos e desejos, levando Garaudy (1980, p. 13), afirmar que: “a dança
é um modo de existir”. Soares e Madureira (2005, p. 85), ressaltam ainda que,
a dança “[...] é uma experiência da beleza onde os corpos são múltiplos,
conscientes da própria materialidade e sensíveis à expressividade do outro”.
Em suma, as atividades rítmicas e a dança são elementos integrantes da
cultura, da qual devem ser resgatadas e valorizadas, pois, são inerentes à
vida humana.
Por
que é importante aprender atividades rítmicas e dança na escola?
As atividades rítmicas e a dança pertencem à cultura corporal, devendo ser
desenvolvidas nas aulas de Educação Física escolar, de forma coerente e
dinâmica. De acordo com Verderi (2000), a Educação Física é uma disciplina
que trabalha diretamente com o movimento humano.
O que me arrisco afirmar é que existe a necessidade latente da Educação Física entender melhor a especificidade de tal conteúdo, refletindo e discutindo os meandros ao qual as atividades rítmicas estão inseridas tentando apontar para suas possibilidades de usos e recursos na tentativa de desenvolver aprendizados que sejam realmente relevantes, interessantes e prazerosos para nossos alunos e alunas (JESUS, 2008, p.23).
Realidade essa, também destacada por Ehrenberg e Gallardo (2005, p. 114), em
relação à dança:
A dança, como outras manifestações da cultura corporal, é capaz de inserir o seu aluno ao mundo em que vive de forma crítica e reconhecendo-se como agente de possível transformação, mas, para tal é necessário não apenas contemplar estes conteúdos e sim identificá-los, vivenciá-los e interpretá-los corporalmente.
Fica evidente que, as atividades rítmicas e a dança, são conteúdos ricos,
capazes de contemplar diversas finalidades no processo de ensino e aprendizagem
dos alunos. Segundo Gaspari (2000, p. 199), “tal prática corporal pode estar
na escola de acordo com os pressupostos educacionais e ser adaptada conforme as
necessidades e características do contexto escolar”. É nesse sentido que,
Verderi (2000) enfatiza que a atual Educação Física deve permitir que, os
alunos participem ativamente das aulas, considerando as suas próprias
percepções.
De acordo com Jesus (2008), a relevância das atividades rítmicas está pautada
nos aspectos comunicativos e expressivos do ser humano, pois, por meio desse
conteúdo, é possível não apenas compreender, mas também produzir códigos
corporais de comunicação. Paralelamente, é possível desenvolver a
criatividade dos alunos e, principalmente, a interação. Isto porque, por meio
da dança, é plausível trabalhar a socialização, tornando o aluno mais
comunicativo, e mais confiante em suas ações, garantindo, assim, uma
aprendizagem positiva (SILVA; JÚLIO; PAIXÃO, 2010).
Dessa maneira, as atividades rítmicas e a dança na escola, são conteúdos
essenciais para o desenvolvimento dos alunos (SILVA et al, 2008). Outro aspecto
que justifica a importância dessas práticas corporais na escola é o fato de
poder discutir nas aulas, questões relacionadas ao gênero. Segundo os
Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p. 42), devemos “[...] atuar
concretamente contra o preconceito expresso na falsa idéia de que ‘homem não
dança’, cultivando as possibilidades de expressão masculina nas atividades
rítmicas e expressivas”. Isto significa que, ao vivenciar estas práticas
corporais, o aluno terá a oportunidade de se posicionar de forma mais crítica
perante as informações que lhe são apresentadas.
Sem contar que, ao adquirir uma postura crítica, o aluno além de conhecer as
atividades rítmicas e a dança, certamente, também irá valorizar outras
culturas além da sua própria. De acordo com os PCNs (BRASIL, 1998), no nosso
país, nos deparamos com diversas manifestações culturais, inseridas,
sobretudo, nas danças, visto que são as danças que caracterizam a cultura de
diferentes regiões.
Contudo, essas são algumas razões que justificam a relevância desses
conteúdos nas aulas de Educação Física. Assim, cabe ao professor
analisá-las e contextualizá-las de acordo com a realidade em que os seus
alunos estão inseridos.
Como
as atividades rítmicas e a dança podem ser classificadas?
As atividades rítmicas e a dança, enquanto conteúdos da Educação Física
escolar, apresentam suas especificidades, uma vez que são práticas que
destacam a diversidade cultural de várias regiões (BRASIL, 1997). Nesse
sentido, entendemos que as atividades rítmicas no espaço escolar, podem ser
classificadas da seguinte maneira:
-
Percussão corporal: produção de sons com o corpo.
-
Exercícios rítmicos com a utilização de materiais: como pular corda; atividades que envolvam a utilização de materiais como bolas, bastões, entre outras.
-
Brincadeiras cantadas: que são maneiras de brincar com o corpo, a partir da relação entre movimento corporal e expressão vocal, sejam na forma de músicas, frases, palavras ou sílabas ritmadas. Além disso, envolvem musicalidade, dança, dramatização, mímica e jogos, podendo, ser caracterizadas como formas de expressão do corpo que integram a cultura popular (LARA; PIMENTEL; RIBEIRO, 2005), como rodas cantadas ou cirandas, parlendas, acalantos, brincadeiras de mãos, as quais serão tratadas a seguir.
As brincadeiras de roda são aquelas desenvolvidas em círculo, de forma que as
crianças segurando na mão uma das outras, cantam todas juntas cantigas de roda
(FARIAS, 2001). Em relação às Parlendas, Silva et al (2008, p.38), destacam
que: “elas compõem um conjunto de palavras de arrumação rítmica que podem
rimar ou não, podem ser acompanhadas de atividades como jogo, brincadeira e
expressão corporal, que são atividades próprias da Educação Física”.
No caso dos Acalantos, essas são melodias simples e meigas, podendo apresentar
em seu texto figuras que provoquem medo, além de possuírem outra
característica, como o uso do canto em boca chiusa, ou seja, cantar com a boca
fechada, favorecendo certa monotonia para fazer a criança dormir (FERNANDES,
2005).
Brincadeiras de mãos são atividades desenvolvidas com canto e gestos com as
mãos, nas quais pode haver contato entre os participantes ou não, como, por
exemplo, a adoleta (A-do-le-tá/ Le-pe-ti Pe-ti-pe-tá/ Le café com chocolá/
A-do-le-tá) que pode ser feita em grupo ou em duplas.
No que se refere à dança, constatamos que existe um vasto leque de
possibilidades, de modo que utilizaremos a classificação realizada por
Gallardo (Não paginado
- 2003), que classificou as danças segundo a origem de cada uma:
-
Ancestrais, originárias ou autóctones: são aquelas danças praticadas antes da conquista espanhola ou portuguesa, e que apesar das proibições ainda se encontram alguns vestígios delas.
-
Tradicionais ou Folclóricas: são as danças que representam a cultura particular de uma região, podendo ter traços das danças ancestrais, e podem - pela miscigenação de culturas - ser adaptações de danças originárias dos países que nos conquistaram ou colonizaram. Elas podem eventualmente tornar-se populares.
-
Populares: são as danças que estão sendo veiculadas pelos meios de comunicação e praticadas pela comunidade. Algumas delas permanecem em atualidade, chegando a incorporar-se ao grupo das danças tradicionais ou folclóricas.
-
Clássicas ou Eruditas: são as danças que precisam de todo um processo de aprendizagem sistematizado, dado a sua complexidade e por serem em sua essência habilidades motoras altamente estruturadas (aquelas habilidades que se originam de estudos biomecânicos e devem ser incorporadas ou internalizadas para serem eficientes na prática da modalidade aos quais os modelos pertencem. Exemplos a ginástica artística, saltos ornamentais, entre outras).
Em
síntese, diante da classificação ora apresentada pelo autor, destacamos que
para o presente estudo, selecionamos as danças classificadas como Tradicionais
e Populares, uma vez que são danças passíveis de adaptações para a sua
inserção no contexto escolar.
O que
ensinar e o que os alunos devem saber sobre atividade rítmica e a dança?
As
atividades rítmicas e a dança, assim, como os demais conteúdos da Educação
Física, possuem uma ampla gama de conhecimentos. São inúmeras, as
possibilidades de ensino que esses conteúdos oferecem, de modo que devem ser
desenvolvidos de forma coerente no ambiente escolar.
Basicamente,
todo trabalho pedagógico deve considerar primordialmente, o processo de ensino
e aprendizagem dos alunos. Para tanto, não basta apenas desenvolver os
conteúdos nas aulas, é necessário contextualizá-los, isto é, aproximá-los
do contexto do qual os alunos estão inseridos. Segundo Darido (2005, p. 68):
“[...] dentro de uma perspectiva de Educação e também de Educação
Física, seria fundamental considerar, os procedimentos, fatos, conceitos, as
atitudes e os valores como conteúdos, todos no mesmo nível de importância”.
É
nessa perspectiva, que destacamos alguns pontos relevantes das atividades
rítmicas e da dança, das quais selecionamos neste estudo, para serem
desenvolvidos nas dimensões dos conteúdos: conceitual, procedimental e
atitudinal.
-
Dimensão conceitual - trabalhar a história das danças: Samba de Roda, Dança do Pezinho, Quadrilha, Catira e Carimbó. O conceito da palavra ritmo, bem como, a sua importância, uma vez que se trata de algo onipresente. Além disso, refletir sobre a questão do gênero e da pluralidade cultural nas atividades rítmicas, sobretudo, nas danças.
-
Dimensão procedimental- vivenciar as atividades rítmicas que envolvam percussão corporal, exercícios rítmicos com a utilização de materiais e brincadeiras cantadas e danças das regiões brasileiras, tais como: Samba de Roda, Dança do Pezinho, Quadrilha, Catira e Carimbó. Desenvolver atividades práticas, que permitem aos alunos a oportunidade de expressarem sua criatividade e autonomia, por meio dessas práticas corporais.
-
Dimensão atitudinal- fazer com que aula, se torne um ambiente, em que o respeito mútuo, a cooperação e a solidariedade, prevaleçam em todos os momentos.
Com
isso, percebemos que dada à relevância desses conteúdos, é necessário que
os mesmos sejam trabalhados nas suas dimensões, buscando garantir aos alunos,
uma aprendizagem significativa.
Possibilidades para sistematização das atividades rítmicas e dança
A
seguir, apresentamos uma proposta para sistematização/organização das
atividades rítmicas e da dança, para o primeiro ciclo do Ensino Fundamental,
que foi elaborada a partir da nossa experiência no ambiente escolar, bem como,
por meio de estudos e pesquisas no grupo de estudos LETPEF (Laboratório de
Estudos e Trabalhos Pedagógicos em Educação Física), na qual procuramos
contemplar, as atividades rítmicas e as danças mais apropriadas para cada
faixa etária, como também sugestões de números de aulas, as quais
acreditamos serem suficientes para cada tema proposto.
Dado o
exposto, o foco da nossa proposta é resgatar por meio das atividades rítmicas
e das danças, algumas das manifestações culturais presentes no nosso país.
Para tanto, conforme destacado anteriormente, sugerimos trabalhar com algumas
danças Tradicionais e Populares que ressaltam a diversidade cultural das
cinco regiões brasileiras: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste.
1º
ano
|
2º
ano
|
3º
ano
|
4º
ano
|
5º
ano
|
|
Tema
1
|
Percussão
corporal
Presença
das atividades rítmicas
(percussão
corporal) nas brincadeiras cantadas
(4
aulas)
|
Exercícios
rítmicos com a utilização de materiais, como corda, entre outros.
(4
aulas)
|
O
que é Ritmo?
Os
alunos devem aprender o que é ritmo e participar de atividades rítmicas com
exercícios rítmicos, com a utilização de materiais utilizando elementos da
cultura popular, como cordas e chocalhos.
(4
aulas)
|
Cantigas
de Roda
Utilizar
cantigas de roda para dramatização e coreografias sem e com material, como:
bolas, bambolês,
chocalhos,
entre outros.
(4
aulas)
|
Presença
das atividades rítmicas nas brincadeiras e exercícios rítmicos com corda
Utilizar
até duas cordas ao mesmo tempo
(4 a
6 aulas)
|
Tema
2
|
No
ritmo da música
Utilizar
músicas infantis para dramatização e coreografias simples
(04
aulas)
|
Entrando
no ritmo
Utilizar
o ritmo das músicas nas brincadeiras
(02
aulas)
|
Percussão
Corporal
Explorar
os sons que o corpo produz e utilizá-los em cantigas de roda
(02
aulas)
|
Corpo
e Movimento
Explorar
as qualidades, formas e energia presente no movimento e também a percepção
do tempo
(02
aulas)
|
Dança
do Carimbó
(Região
Norte)
(04
aulas)
|
Tema
3
|
Samba
de Roda (Região Nordeste)
(02
aulas)
|
Dança
do Pezinho (Região Sul)
(02
aulas)
|
Quadrilha
(Região
Nordeste)
(de
04 a 06 aulas)
|
Dança
da Catira ou Cateretê (Regiões Sudeste e Centro Oeste
(04
aulas)
|
|
Total
de
Aulas
|
10
aulas
|
8
aulas
|
De
10 a 12 aulas
|
10
aulas
|
De
8 a 10 aulas
|
Quadro
1. Proposta de sistematização da atividade rítmica e dança nas séries
iniciais do Ensino Fundamental
Com
base nas informações ora apresentadas, destacamos que a escolha dos conteúdos
para o 1º ano, se justifica, levando em consideração o nível de
desenvolvimento do aluno nesta faixa etária. Procuramos incluir atividades de
baixo nível de organização, com poucas regras e o gosto pela música, as
quais prendem a atenção dos mesmos, além de tornarem a aula mais agradável e
participativa. Além disso, sugerimos trabalhar com cantigas de roda, utilizando
alguns aspectos relevantes, tais como: dramatização, coreografias simples,
incluindo a percussão corporal. Seguindo a preferência dos alunos dessa faixa
etária, por músicas, recomendamos, então, os jogos cantados em círculo como,
por exemplo, Corre Cotia.
Pensando
em trabalhar nas aulas, a interação entre os alunos por meio da dança,
destacamos o Samba de Roda (Região Nordeste), para o contexto escolar, visto
que por meio dessa dança, podemos trabalhar a inclusão de todos na aula, uma
vez que o importante não é o fato que todos “saibam sambar”, e sim, que
todos igualmente possam participar. Sem contar que, o Samba de Roda no 1º ano,
possibilita trabalhar a expressão corporal dos alunos, pelo fato de que nesta
faixa etária, os alunos ainda não demonstram muita vergonha, expressando-se,
com mais facilidade, do que no 5º ano, por exemplo.
Visando
a continuidade do trabalho com as atividades rítmicas, no 2º ano, optamos em
escolher atividades que têm maior grau de complexidade. Isto porque, tendo em
vista, a participação dos alunos, propomos a utilização de materiais, como
cordas, bambolês, bastões e bolas, para acompanhar o ritmo das músicas. Já
em relação à Dança do Pezinho (Região Sul), ressaltamos esta, dada as suas
características: fácil interpretação, ritmo lento, permitindo ser
acompanhada por todos os alunos nesta faixa etária.
Ainda
no 3º ano, propomos a continuidade dos exercícios rítmicos e das brincadeiras
cantadas, no entanto, utilizando agora cordas de tamanhos maiores, visando o
trabalho em grupo, tanto nos exercícios rítmicos, como também as parlendas.
Sugerimos ainda que, as cantigas de roda sejam trabalhadas com chocalho. A
dança popular Quadrilha (Região Nordeste), foi inserida nesta série porque,
geralmente, trabalha-se com essa dança na escola. Porém, é possível
constatar que, nem sempre ela é desenvolvida nas dimensões do conteúdo, de
modo que é apenas praticada, não permitindo ao aluno, entender o porquê de
ser dançada na época da Festa Junina, entre outros aspectos. Assim, inserimos
essa dança no 3º ano, pois, é a partir daí que, os alunos começam a
dançá-la nas festas com mais autonomia.
No 4º
ano, realçamos o trabalho com as brincadeiras cantadas, por meio de cantigas
já vivenciadas nos anos anteriores. Entretanto, utilizaremos bastões para
desenvolver a Cantiga Escravos de Jô, mas diferentemente da proposta do 2º
ano, pois, quem se move são as crianças. Já a opção pela dança Catira
(Regiões Sudeste e Centro Oeste), é devido a sua possibilidade de refletir com
os alunos, a importância da participação de todos nessa dança, na qual cada
dançarino desempenha um papel fundamental. Além disso, podemos debater
questões relacionadas ao gênero, uma vez que a participação das mulheres na
Catira é algo recente, uma vez que era praticada apenas por homens.
Por
conseguinte, no 5º ano, consideramos os exercícios rítmicos com materiais,
utilizando duas cordas, assim, estaremos resgatando a atividade com corda do 3º
ano e incluindo mais uma, isto é, um desafio que estimula os alunos. O que não
nos impede, de primeiro revisar as atividades já realizadas no 3º ano, para
então, iniciarmos as atividades com salto com cordas duplas, conhecido como Double
Dutch. Dessa maneira, a Dança do Carimbó (Região Norte), se efetiva como
um tema relevante, pelo fato de ter passos característicos, ou seja, não
implica que, os alunos tenham que se expressar livremente como no Samba de Roda
(incluído no 1º ano), pois, nesta faixa etária, é comum os alunos sentirem
mais vergonha perante a turma. Levantaremos a discussão acerca da pluralidade
cultural na dança, uma vez que diferentes culturas a influenciaram como, por
exemplo, as culturas: indígena, africana e lusitana.
Considerações
finais
Com
base na literatura pesquisada, consideramos que, as atividades rítmicas e a
dança, enquanto conteúdos da Educação Física escolar, possuem um vasto
repertório de conhecimentos a serem desenvolvidos no contexto escolar, capazes
de contribuir significativamente para o desenvolvimento dos alunos.
Além
disso, essas práticas corporais contêm uma rica diversidade cultural, da qual
destaca a cultura de diversas regiões. Ao inseri-las nas aulas de Educação
Física, estes conteúdos, certamente, contribuirão para o resgate, bem como,
para a valorização dessas manifestações culturais, possibilitando, os alunos
reconhecerem que, esses conteúdos são tão interessantes quanto os demais já
vivenciados por eles.
Por
esta razão, concluímos que, as atividades rítmicas e a dança, devem fazer
parte do cotidiano escolar, assim, como os jogos e os esportes já se encontram.
Por serem passíveis de adaptações, para qualquer realidade escolar, isso
reforça, ainda mais, a relevância dessas práticas corporais na escola.
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